sábado, julho 15, 2006

Carta

12 de Julho.

Amor,

A carreira dos anos vai passando e eu nem percebi... Quanto tempo? Um ano, dois? O engraçado é que hoje eu sinto a sua falta. Se antes eu achava que não me importaria, hoje eu sei como dói a saudade.
Quanto eu te machuquei? Se é que te machuquei. Você era experiente e eu, principiante. Pensar nessas coisas é estranho. Um misto de um aperto cafageste no peito e um arrepio na nuca. Você já ficou com a nuca arrepiada? É esquisito.
Eu tinha certeza, absoluta e inviolável, que era imune a essas coisas idiotas que trazem lembranças... E era. Pelo menos até descobrir que havia um cheiro que me incomodava. Perturbava, posso dizer. Não consegui identificar num primeiro momento. Foi preciso uma segunda vez, uma segunda vez que aquele cheiro me entorpecesse, para que eu pudesse localizar o agente do torpor: o shampoo. O seu shampoo. Incrível? Pois sim, aquilo que me abateu da primeira vez e tirou meu sossego, descobri ser o cheiro do seu shampoo. Pergunte se eu não lembrei de estar acariciando seus cabelos, de estarmos nos beijando... O toque das minhas mãos no seu corpo e das suas no meu... O seu corpo era o que... Ah! Como era bom ter você, o seu corpo junto ao meu... ...Não houve escapatória. Chorei ali mesmo, em pé na fila do banco... Que defeito grave descobri em mim! Chorando por amor. Pior! Chorando por um ex-amor... E quem falou que existe essa coisa de ex-amor? Lembra que eu te falei que te amava? Eu falei muitas vezes? Deveria ter falado mais... Como fui infantil! Há uma sábia frase que dá conta de que a gente só valoriza o que não tem mais. E isso é exatamente o que fiz em relação a você e com nossa relação...
Agora que acabou, eu digo (inutilmente) que adorava quando dormíamos abraçadinhos... Olhar em teus olhos e ter a certeza de que era o melhor momento do dia: estarmos juntos em casa...
Se eu pudesse voltar, voltaria ao momento onde tudo começou a definhar e diria para fugirmos. Definitivamente. Diria para corrermos em direção ao infinito e alcançar um lugar onde o sol seria testemunha do nosso amor. Mas não bastava. Nunca bastou. Quisera eu poder chegar a ti agora e te oferecer a vida que, em meu íntimo, sempre quis te dar. Como você reagiria?
Os pássaros estão começando a cantar, é hora de dormir. E sonhar com você. Sim, amor. Tenho sonhado com você. Em meus sonhos você reclama que não quer morar em Florianópolis e eu digo que tudo bem, que moraremos onde você escolher. Você me olha e diz, com o olhar mais meigo deste lado da galáxia, que me ama... Confesso que, como um adolescente vivendo seu primeiro amor, acordo com o coração descompassado... E não é? São apenas sonhos...
Andei revirando umas fotos que tiramos juntos. Ainda é tempo de recomeçar...











Telegrama: 16 de Julho.

Querido,
Quem escreve é a irmã do seu amor. Como você pode se decidir com tanto atraso? É tarde agora. Há uma distância de pelo menos dez mil quilômetros entre vocês. Receio que você terá de desistir...

ps: Você deveria ir à Espanha.

2 comentários:

Aline Bottcher disse...

don't know what to say.
mto bom, curti o romantismo..heuheuhehueuhehueuehuehheuehuehueuehueheuehuehe
let's apply it.
RÁ!
hehehehhehe
bjoca

Anônimo disse...

That's a great story. Waiting for more. »